segunda-feira, fevereiro 13, 2012

elegia

                                   à Roberto, Lori, Pama e Bino


chuva na floresta
minh’alma é rio
meu sentido
é mais do que vejo
melodia de elementos
a bailar a verde dama
como se eu ali estivesse
com os passarinhos brincando
beijando o véu barrento
cantando
voando
Ah...que venha esse grito
sim, a felicidade é mesmo uma arma quente
Ahggahaghggggaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Ah...se não tivesse aprendido a pensar
queria gozar este momento
sem a marca das horas
queria descrer no desmate
para não obviar o empate
nossa sina: vida e morte
nossa luta: matar a morte
atequando atequandaremos as moto-serras
e os índios e os seringueiros e as diferenças?
a aura dos sentimentos
é indevassável
nela não há ouro nem madeira
ninguém marretará nossa alegria
ou grilará nossa vocação à vida
ou secará as vertentes de lágrimas
chegaremos à terra-sem-males
pelo varadouro escorregadio de sangue
repleto de árvores agonizando sem raízes
mas, a tempo:
a cantiga do vento é eterna.

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